Fortuna de Eike Batista está caindo cada dia mais: ações despencaram
O
capítulo mais recente da derrocada de Eike aconteceu ontem, quando ele
renunciou ao Conselho da MPX, uma das seis empresas de seu grupo, o EBX.
Ainda não é o caso do empresário mineiro Eike Batista, 56 anos,
pechinchar na feira, fazer carteira de estudante para pagar meia-entrada
no cinema. Mas o império do ex-homem mais rico do Brasil está ruindo. O
capítulo mais recente da derrocada de Eike aconteceu ontem, quando ele
renunciou ao Conselho da MPX, uma das seis empresas de seu grupo, o EBX.
Foi
uma tentativa de salvar a empresa do grupo até então menos
desvalorizada na bolsa: suas ações caíram apenas 26,46% nos últimos 12
meses. A OGX, a mais afetada, caiu 85,6%.
A estratégia de se
afastar da empresa deu certo. Se há bem pouco tempo parecia que tudo o
que Eike tocasse virava ouro, ontem o efeito foi inverso. Com a saída do
ainda bilionário do conselho, as ações da MPX cresceram 20% na Bolsa de
Valores de São Paulo (Bovespa). Além da renúncia de Eike, a MPX
anunciou um aumento de capital privado de R$ 800 milhões.
Nos
últimos 12 meses, a fortuna de Eike caiu de US$ 34,5 bilhões para US$
2,9 bilhões e ele, que já foi o oitavo na lista dos mais ricos do mundo -
e dizia abertamente que pretendia ser o primeiro - hoje não figura mais
entre os 200, segundo o último ranking da agência Bloomberg.
E
como tudo o que está ruim ainda pode piorar, segundo uma reportagem do
jornal Valor Econômico, publicada ontem, o grupo EBX tem dívidas de US$ 1
bilhão com os bancos Itaú e Bradesco, e de outros US$ 2,3 bilhões com o
fundo Mubadala, do emirado árabe de Abu Dabi. Os três credores têm
ações de empresas do grupo como garantia.
Explicação
Mas
o que teria dado de tão errado nos negócios do ex-marido de Luma de
Oliveira? “Ele criou um império no papel. Tudo na base das projeções,
coisas com promessa de existir um dia. Mas chega uma hora em que a
realidade vai mostrando que não era bem aquilo. Ele vendeu ideias que
não se concretizaram e perdeu a confiança do mercado”, diz o economista
Luis Carlos Ewald.
O mercado financeiro é muito sensível,
continua o especialista. “E aí deu o efeito-manada”. Ele aponta outro
erro do bilionário: arriscar demais. “Quanto maior o lucro, maior o
risco. Ele apostou em tudo ao mesmo tempo e tudo deu errado ao mesmo
tempo”.
Para Ewald, a crise de Eike não é problema só do
bilionário, mas de toda a economia nacional. “Isso somado à volta da
inflação, a essas manifestações, à falta de gasolina... só confirmam a
condição de risco de se investir no Brasil”. Isso sem contar nos
investidores brasileiros que compraram ações do grupo e acabaram tendo
prejuízo.
“Ele foi com muita sede ao pote, por ser megalomaníaco
está vendo agora o seu patrimônio minguar”, emenda o mestre em Economia
Luiz Mário Ribeiro. “As perspectivas de rendimento futuro não se
concretizaram e o risco das empresas dele cresceu. O mercado de ações é
assim. Os preços sobem assustadoramente e de repente eles desabam”,
explica Ribeiro.
Erros
Entre as coisas que deram errado
na OGX (empresa de petróleo) está o campo de Tubarão Azul, na bacia de
Campos. Antes de começar a ser explorado, os geólogos estimavam que ele
seria capaz de produzir entre 500 e 900 milhões de barris por dia.
A
realidade ficou muito aquém: 110 milhões de barris. Além disso, no ano
passado, a empresa descobriu que se tratava de um complexo de
reservatórios, e não um único campo como imaginava. O problema é que
ainda não há tecnologia desenvolvida para esse tipo de produção.
A
reação em cadeia transformou em elefante branco o estaleiro da OSX em
São João da Barra (RJ), que pode gerar ao grupo outro prejuízo
bilionário. A unidade foi planejada para ser o “maior estaleiro das
Américas”. Mas, sem petróleo da coirmã OGX, as encomendas não vieram. E o
estaleiro, de 2,5 milhões de metros quadrados de área útil, cais
erguido e galpões em pé, ficou ocioso. A OSX tenta negociá-lo, mas
ninguém está disposto a pagar o valor inicialmente previsto.
Ou
então não foi nada disso. Conhecido por suas superstições, toda a
família de Eike (os filhos Thor e Olin e a ex-mulher Luma) têm nomes de
quatro letras. Acontece que esse ano nasceu o caçula Baldur. Seis
letras. Teria sido ele o azarado?