No passado, algumas previsões de Nicholas Negroponte, fundador do MIT
Media Lab, arrancaram risos de descrédito da mídia especializada em
tecnologia. Entre os “absurdos” antecipados pelo cientista, estão a tela
sensível ao toque e certa diminuição sistemática dos aparelhos —
desengonçados à época —, os quais deveriam se tornar “menores, mais
finos e mais brilhantes”.
E há ainda quem tenha tirado sarro de
outra previsão de Nicholas. Particularmente, a revista Newsweek. Em uma
de suas edições, havia uma nota tornada particularmente infeliz pelo
passar dos anos: “Nicholas Negroponte, diretor do MIT Media Lab, prevê
que nós em breve vamos comprar livros e jornais pela internet. Ah, é
claro” disse o editor Clifford Stoll à época.
Dessa forma, quando
um sujeito com esse histórico resolve lançar novas previsões, o mínimo
que qualquer sujeito consciente deveria fazer seria ouvir do que se
trata com atenção, certo? De fato, durante recente palestra conduzida
pelo TED, Negroponte lançou mais duas de suas previsões.
Em
uma delas, ele retoma uma proposta sua, expandindo a ideia do famoso
“One Laptop Per Child” (um computador por criança). Mas a coisa pode
ficar ainda mais digna de ficção científica: para o visionário do MIT,
em algumas décadas, caso se queira aprender uma nova língua, bastará
engolir a pílula apropriada.
Aprendizado digestivo?
“Nós temos
consumido muita informação através dos nossos olhos, e talvez esse seja
um canal pouco eficiente”, disse o cientista durante a referida
palestra para o TED (Tecnologia, Entretenimento e Design). Dessa forma,
deve haver um jeito mais apropriado, que nos permita ir de uma nova
língua a Shakespeare sem acabar com uma bela azia, certo?
“A
minha previsão, portanto, é que nós poderemos ingerir informação”, ele
continua. “Eu vou engolir uma pílula e vou aprender inglês.” Para
Negromonte, a absorção das informações se dará por meio da corrente
sanguínea, de tal forma que a informação seja transportada até o cérebro
e, posteriormente, se aloque em seu devido lugar... E voilà!
“Você
vai engolir uma pílula e aprender Shakespeare”. Ou italiano, ou latim.
Ironicamente, talvez até microbiologia e ciência da computação. De
acordo com o cientista, um tal método de aprendizado deve se tornar o
padrão daqui a aproximadamente 30 anos. “Uma das vantagens da idade, é
que eu posso dizer com bastante confiança que eu estive no futuro”. É
esperar para ver.
Como conectar o “último bilhão” de pessoas?
Nicholas
Negroponte foi particularmente feliz em suas previsões com interfaces
e, de forma geral, com tecnologias ligadas à computação — sabe o CD-ROM,
por exemplo? Pois é. Mas uma das investidas sociais do cientista também
se tornou particularmente célebre, sobretudo quando ele passou a se
dedicar às formas possíveis de aprendizado por meio da computação.
Trata-se
da intitulada “One Laptop Per Child” (um computador por criança) — sim,
aquela mesma que assistiu crianças na África, permitindo que em seis
meses os pequenos, sem qualquer instrução prévia, pudessem “hackear” o
Android. Essa propostal deu origem a uma mescla de previsão e convite à
filantropia, amparada na ideia de que “é possível ter aprendizado sem
escolas”, pelo menos em situações-limite.
De
acordo com Negroponte, o “último bilhão” de pessoas no globo poderia
ser interconectada com um esforço relativamente modesto dos EUA. Para
ele, as comunidades primitivas (de natureza rural) da África poderiam se
beneficiar de satélites estacionários que conectassem os indivíduos,
transformando o acesso à rede em um dos direitos humanos fundamentais.
O
montante impressiona, a princípio. Seriam necessários US$ 2 bilhões
para cada 100 milhões de habitantes lançados à internet. Entretanto, o
cientista lembra que esse valor é gastado semanalmente pelos Estados
Unidos da América na Guerra do Afeganistão.
A propósito, sobre a tela sensível ao toque...
Sim,
as telas sensíveis ao toque foram fortemente criticadas quando a
tecnologia foi divulgada pelo MIT durante a década de 1970. E havia pelo
menos três motivos que justificavam a inviabilidade da proposta, os
quais foram lembrados por Negromonte.
Vale a pena conferir:
A mão tampa a visão do usuário;
Uma resolução muito baixa associada à tecnologia; e
A tela do dispositivo invariavelmente acaba suja.
Bem,
juntamente com o prognóstico jocoso deixado para os e-books e jornais
online, isso certamente conta pontos para Nicholas Negroponte e nos faz
esperar por um futuro interconectado... E com informações digeridas
circulando pela corrente sanguínea, até chegar ao cérebro.
Via TecMundo e Libertar.in