Grupo filosófico defende que Satanás é apenas “símbolo de rebeldia contra a religião”
Um grupo de satanistas conhecido como Satanic Temple voltou a
aparecer na mídia americana esta semana. Alegando possuir 10 mil
membros, eles já conseguiram o reconhecimento de sua existência como
religião pelo Estado. Estranhamente, afirmam que fizeram isso para ter
os mesmos benefícios legais que as igrejas, embora não se considerem uma
religião.
Para seus fundadores, Satanás não existe, trata-se
apenas de “um símbolo de rebeldia filosófica contra crenças
religiosas”. Com sede em Nova York, eles já conseguiram autorização para
construir uma estátua do diabo para ser colocada ao lado de uma obra com os dez mandamentos em Oklahoma. Também tiveram autorização para realizar uma “missa negra” com sacrifício de animais dentro da famosa universidade de Harvard, fundada por evangélicos em Boston.
Agora,
eles conseguiram na justiça a contestação de uma decisão garantida pela
Suprema Corte americana.
Um grupo cristão conseguiu regulamentar que
antes de se submeter a um aborto, toda mulher deveria assinar um
“consentimento informado” diante do médico. Ela então recebe instruções
detalhadas sobre a prática do aborto, seus possíveis riscos e
complicações. Tal ação estaria desmotivando muitas delas a prosseguir.
A vitória nos tribunais foi conseguida pelo grupo capitaneado pela empresa Hobby Lobby, de Steve Green, um bilionário que tem usado sua fortuna para que a sociedade resgate os valores bíblicos. Ele deseja ver cursos bíblicos como matéria eletiva nas escolas públicas
a partir de 2017. Green disse que não quer “impor o cristianismo”, mas
acredita que o futuro do seu país está em risco devido à falta de
conhecimento da Palavra de Deus.
Nos últimos meses ele travou uma
batalha judicial contra o governo americano que queria obrigar empresas a
incluir pílulas abortivas e até mesmo abortos como parte dos seguros
que são obrigados a fornecer aos seus funcionários.
O Satanic
Temple deseja que cada cidadão possa ter a liberdade de fazer o que bem
entender com seu corpo, sem ter de justificar seus atos a ninguém. Isso
inclui tratar o aborto como um método contraceptivo e uma “questão de
saúde”, sem implicações morais.
Os satanistas defendem que as
mulheres poderão contra argumentar juridicamente apresentando uma carta
onde afirmam que são membros do grupo e suas “crenças religiosas” estão
sendo violadas com a decisão da Suprema Corte. Em outras palavras, toda
mulher que desejar fazer um aborto pode alegar ser satanista (mesmo sem
realmente ser) para não se submeter as leis.
Robert Destro,
professor de Direito na Universidade Católica da América, disse que os
satanistas estão usando erroneamente as leis de Liberdade Religiosa dos
EUA. Esta é uma questão complicada, com vários desdobramentos legais no
futuro.
Jex Blackmore, que se apresenta como porta-voz do Satanic
Temple, disse que esse é apenas mais um passo para alcançar seu objetivo
final que é eliminar toda lei que tenha como base um preceito
religioso.
Com informações Religion News , Vice e Gospel Prime