Quais serão os reflexos econômicos e políticos para o mundo?
A paralisação de quase 1 milhão de funcionários de órgãos estatais dos
Estados Unidos decorrente do impasse sobre a lei orçamentária americana
começou oficialmente à meia-noite desta terça-feira, quando expirou o
prazo para que o Congresso chegasse a um acordo sobre o financiamento
das contas do governo.
Esta é a primeira paralisação parcial do governo desde a administração
de Bill Clinton, que suspendeu pagamentos por um total de 28 dias entre o
fim de 1995 e o início de 1996, quando duas crises orçamentárias
seguidas custaram 1,4 bilhão de dólares aos contribuintes, segundo dados
oficiais. Entre alguns efeitos da paralisação estão a suspensão do
pagamento dos salários de cerca de 800 000 funcionários, o fechamento de
Parques Nacionais e tribunais federais, e o atraso na emissão de
passaportes. Segundo a Casa Branca, o governo só tem recursos em caixa
para as áreas afetadas até 17 de outubro.
O mais recente capítulo da batalha entre democratas e a oposição
republicana ocorreu na noite desta segunda, quando a Câmara dos
Representantes, liderada por deputados republicanos, enviou ao Senado
outra proposta de financiamento emergencial do estado americano. Como
continha uma cláusula que postergava a entrada em vigor do Obamacare, a
lei de reforma da saúde promovida pelo presidente Barack Obama e já
aprovada pelo Congresso, o Senado voltou a rejeitar um plano
orçamentário por 56 votos contra 54. Até agora, a maioria dos senadores
rejeitou todas as ações da Câmara que modificam a legislação de saúde
criando vínculos com a lei sobre gastos federais — e a Câmara rejeitou
todas as propostas do Senado associando o financiamento federal à
entrada em vigor do Obamacare.
Contexto – Diversos setores do governo americano precisam de
financiamento anual para continuar operando. Por essa razão, a cada ano,
o Congresso deve votar um projeto de orçamento estabelecendo
prioridades e o valor de financiamento a ser liberado. Contudo, com o
Senado e a Câmara dos Representantes dominados por partidos opostos, um
impasse tem se tornado constante na hora de definir o orçamento.
Mecanismos foram criados para permitir, de forma automática, que o
orçamento para financiar tais setores fosse ampliado ao longo do ano.
Contudo, o último mecanismo possível termina em 30 de setembro. Assim,
se democratas e republicanos não chegarem a um acordo, não haverá
recursos para financiar o governo até o final de 2013.
A grande moeda de troca é o Obamacare, o plano de saúde criado pelo
governo de Barack Obama. O plano foi aprovado há cerca de três anos e
sua entrada em vigor está prevista para outubro. Contudo, os
republicanos, em troca da aprovação do financiamento emergencial do
estado, querem vetar determinados pontos do Obamacare, por meio de
emendas ao plano orçamentário. Tais mudanças não são admitidas pelo
Senado, de maioria democrata. E aí se dá o impasse: republicanos da ala
mais conservadora, o chamado Tea Party, querem usar a paralisação do
estado como artifício para pressionar os democratas a postergarem ainda
mais a implantação do Obamacare.
Teto da dívida – O Congresso deve votar, além disso, um aumento do
limite legal do endividamento do país, atualmente em 16,7 trilhões de
dólares, sem o qual os EUA se arriscam à primeira moratória de sua
história a partir de 17 de outubro.
No momento, o governo federal funcionou graças a "medidas
extraordinárias" adotadas pelo Departamento do Tesouro, mas o titular da
pasta, Jacob Lew, advertiu que em meados de outubro os fundos acabarão.
Militares – Mesmo com a paralisação dos pagamentos federais, o
presidente Barack Obama assinou nesta segunda-feira uma lei que
permitirá que todos os militares continuem recebendo seus salários
durante o "fechamento" do governo. A lei foi aprovada unanimemente no
domingo pela Câmara dos Representantes e confirmada na segunda-feira
pelo Senado.
A medida garante o pagamento dos militares ativos, da Guarda Litorânea e
os civis e prestadores de serviço que dão apoio aos departamentos de
Defesa e Segurança Nacional, durante o período que durar a paralisação
temporária do governo. No entanto, se estima que 50% dos 800 mil
funcionários civis do Pentágono serão enviados para casa, muitos deles
sem receber, enquanto durar a crise.
(Com Reuters)- http://veja.abril.com.br E Libertar.in