quinta-feira, 6 de junho de 2013

Totalitarismo disfarçado de “segurança” - Governo dos EUA tem acesso a todas as ligações telefônicas da Verizon

Se já existiam fortes indícios, não há mais dúvida para os americanos – o governo dos Estados Unidos está investigando indiscriminadamente seus cidadãos, como demonstrou uma reportagem do jornal inglês The Guardian. O jornal teve acesso – e publicou na Internet – a uma “ordem judicial secreta” que manda a operadora Verizon entregar à Agência de Segurança Nacional (NSA, em inglês) informações sobre todas as chamadas telefônicas em sua rede, dentro e fora dos EUA. 
A repercussão está forte na mídia americana. A indignação se baseia especialmente no fato de que a NSA foi criada para espionar estrangeiros, sendo proibida de atuar contra os nacionais dos EUA. A ordem judicial deixa claro, porém, que a NSA tem condições de recolher dados de, pelo menos, os cerca de 115 milhões de clientes da Verizon. 
Tudo indica que as demais operadoras americanas se sujeitam ao mesmo tipo de ordem. Ainda em 2006 uma reportagem do USA Today sustentava que a NSA já possuía uma base de dados que incluía não apenas a Verizon, mas também AT&T e BellSouth. Apesar de, na época, ter havido comoção semelhante, a NSA jamais se comprometeu a desativar aquela base de dados. 
Se as agências americanas já eram notórias pela extensão de suas atividades, elas ganharam muito mais margem de manobra com a edição da batizada “Lei Patriótica”, ainda no governo de George W. Bush e na esteira dos ataques de 11 de setembro de 2001. Na verdade, mesmo antes daquela legislação, ainda em outubro de 2001, Bush autorizou um programa secreto da NSA para a coleta e análise de registros telefônicos domésticos, bem como Internet e e-mails. 
Como destacou o The Guardian, “essa é a primeira vez que documentos significativos e ultrassecretos revelam a continuação dessas práticas em larga escala sob o presidente [Barack] Obama”. A surpresa, no entanto, é imerecida. Nos últimos anos diferentes funcionários abandonaram a NSA denunciando as práticas disseminadas de espionagem. 
O mais notório é William Binney, tratado como o “gênio matemático” que desenvolveu os algoritmos utilizados pela NSA no programa construído para espionar “basicamente todo mundo”, como ele mesmo descreveu. “Eu preciso me desculpar. Os direitos de todos foram violados. [O programa] pode ser usado para espionar o mundo inteiro”, disse Binney em uma entrevista depois de abandonar a NSA após 32 anos como funcionário da agência. 
Nos EUA, “integrantes do governo” começam a aparecer nas repercussões. Eles reconhecem as denúncias, mas defendem o uso dos dados. Um deles foi citado pela CNN: “Informações como as descritas pelo The Guardian são ferramentas críticas para proteger a nação das ameaças terroristas aos Estados Unidos, pois permitem às equipes de contraterrorismo descobrir se terroristas conhecidos ou suspeitos tiveram contato com outras pessoas que podem estar engajadas em atividades terroristas, particularmente pessoas localizadas nos EUA.” 

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