segunda-feira, 30 de junho de 2014

Torcedores venezuelanos protestam no Mundial 2014

Driblando proibição da Fifa nos estádios, venezuelanos pedem ajuda e alertam brasileiros.

Na partida Brasil x Chile deste sábado (28) em que o goleiro Júlio César salvou a pátria, no Mineirão, garantindo a classificação para as quartas de final da Copa 2014, torcedores venezuelanos presentes na torcida verde e amarela também defenderam sua pátria. Vestindo a camisa de seu país e burlando a censura da Fifa, estenderam na arquibancada uma faixa com as cores de sua bandeira onde se lia “Venezuela resiste”.

O registro foi replicado no Facebook por Daniel Alex obtendo muitas curtidas, compartilhamentos e comentários. “Faixa muito leve, tem que ser mais clara e dura contra o governo”, comentou o internauta Daniel Sagaidak. “Meu povo já não tem medo”, disse Omaira Aponte, de Caracas.

No jogo entre Argentina e Irã, no sábado anterior (21), também no estádio Mineirão, pelo Grupo F, venezuelanos também compareceram na torcida e fizeram um protesto pedindo socorro e alertando os brasileiros sobre a semelhança dos rumos políticos do Brasil com a Venezuela. Também burlando a vigilância da Fifa, exibiram na arquibancada uma bandeira de seu país onde se lia: “Tempo em derrubar uma ditadura: Ucrânia – 1 mês, Egito – 2 meses, Síria – 2 anos, Venezuela – ‘loading’, Brasil – ‘warning!’ #S.O.S.Venezuela”.

Completamente ignorado pela mídia tradicional, o fato teve repercussão viral nas redes sociais. Tirada no estádio por torcedores venezuelanos amigos de Daniel Alex, a foto foi postada inicialmente no Twitter e em seguida republicada no Facebook, atingindo mais de 400 curtidas e 2.000 compartilhamentos.

O jornal Folha de São Paulo registrou mais protestos de venezuelanos em outros dois jogos da Copa do Mundo que também furaram a proibição da Fifa a manifestações políticas para reprovar o governo de Nicolás Maduro e a dura repressão às manifestações populares na Venezuela.

No duelo da terça-feira (24) entre Uruguai e Itália, na Arena Dunas, em Natal, pelo Grupo D, um venezuelano, um comerciante uruguaio radicado na Venezuela e mais dois uruguaios, vestindo camisas de ambas as seleções, estenderam a bandeira venezuelana com a inscrição “S.O.S.”. O comerciante, Álvaro Sanchez, 59, informou que precisou vaiajar para o Uruguai para conseguir comprar as passagens para o Brasil e os ingressos para os jogos. 

Ele também estranhou as obras inacabadas e a falta de divulgação do Mundial aqui no país: “Acho que estão com medo dos protestos”.

No dia 14 de junho, no clássico Inglaterra x Itália, em Manaus, pelo Grupo D, uma faixa se destacava na arquibancada da Arena da Amazônia: “Venezuela Ditadura”. Uma bandeira da Venezuela também se misturava entre a das seleções da disputa e do Brasil. Pelo menos uma centena de venezuelanos estavam presentes, vestidos com a camisa de sua seleção e a bandeira venezuelana. A maioria deles vieram de carro, pela BR-174, e torceram para a Itália.

No dia seguinte (15), venezuelanos também marcaram presença no Maracanã, no Rio de Janeiro, para apoiar a Argentina na partida contra a Bósnia-Herzegovina, pelo Grupo F. 

Dessa vez não houve notícia de que algum material de protesto tenha passado pela vigilância.

A seleção da Venezuela jamais obteve classificação para disputar uma Copa do Mundo, mas os venezuelanos vêm marcando forte presença neste Mundial, para torcer por outras seleções e também chamar atenção sobre a grave situação de violação dos direitos humanos em seu país.

Segundo fontes extraoficiais citadas pelo canal venezuelano NTN24, centenas de civis foram mortos até o momento pela Guarda Nacional Bolivariana e por milícias paramilitares chavistas armadas pelo regime cubano, como La Piedrita e Tupamaros, em ofensivas visando sufocar a maior onda de protestos no país em décadas.

O país experimenta uma escalada inflacionária extratosférica, excassez de alimentos e de produtos básicos, filas intermináveis, apagões constantes e um quadro de violência endêmica. A Venezuela teve 24.763 mortes violentas em 2013, segundo a ONG Observatório Venezuelano de Violência (OVV). As cifras oficiais de homicídios estão suspensas pelo governo desde 2003.

Fonte:epochtimes.com.br
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