Ai, ai…
O
Movimento Passe Livre tem um site, cujo endereço é “www.mpl.org.br” — e,
claro, há um site específico para São Paulo: “saopaulo.mpl.org.br”.
Muito bem. Uma das curiosidades lícitas que a gente pode ter é esta: em
nome de quem está registrado esse domínio? O leitor pode, então,
recorrer ao site http://registro.br/ e descobrir. Basta escrever no
campo de busca o endereço “mpl.org.br”. E encontrará isto.
Alquimídia?
Como? Associação Alquimídia? Mas que diabo
é isso? Bem, leitor, aí você pode, ainda movido pela curiosidade que a
imprensa até agora não teve, visitar a página da dita associação. E vai se deparar com isto aqui:
É
isto mesmo. A tal “Alquimídia” é uma dessas ONGs que se dizem
interessadas na “democratização da mídia” financiadas com dinheiro
público: Ministério da Cultura e Petrobras, podendo captar recursos da
Lei Rouanet. Jamais duvidem: é muito difícil não haver petismo na raiz
de boa parte do que não presta no país.
O nome do
chefão da Alquimídia, que é dona do domínio da entidade que está a
promover, com meia dúzia de gatos-pingados, o caos em várias capitais
brasileiras é Thiago Skárnio, como se vê acima. Não sei se é sobrenome
real ou artístico, mas é muito significativo.
A base de
operações do rapaz é Florianópolis, cidade, diga-se, onde o protesto
contra o reajuste de tarifas de ônibus tem um histórico de violência e
radicalização. Se o leitor decidir navegar pelo site “Alquimídia”,
descobrirá que essa entidade “ponto org” funciona como uma produtora
privada de conteúdo qualquer. A diferença é que é alimentada com
dinheiro público e diz trabalhar apenas para “coletivos” e “entidades do
terceiro setor”, embora possa, sim, ter a parceria de “empresas
privadas”. Ah, bom…
Skárnio, a única cara visível da Alquimídia, se define assim na rede (em vermelho):
Iniciei minhas atividades como desenhista.
Depois de produzir charges e ilustrações para publicações independentes
e sindicais, passei a trabalhar também com fotografia, texto, produção
gráfica e audiovisual.
Além da produção alternativa de vídeos e a
edição do site SARCASTiCOcomBR, apoio causas como a cultura digital,
liberdade de expressão, estado laico, democracia líquida e as políticas
públicas para a cultura, e participo de organizações e movimentos como o
FNDC – Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, ABRAÇO –
Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária, Pontos de Cultura,
CNC – Conselho Nacional de Cineclubes, Cinemateca Catarinense (ABD-SC),
TV Comunitária de Florianópolis e Movimento Mega-Não.
Atualmente coordeno o Pontão Ganesha de
Cultura Digital, projeto mantido pelo Ministério da Cultura e a
Alquimídia.org (organização que ajudei a fundar) e fui eleito para a
cadeira de Cultura Digital do Conselho Municipal de Políticas Culturais
de Florianópolis.
O que é
“democracia líquida”? É uma tese neofascista (pesquisem a respeito) que,
sob o pretexto de instituir a democracia direta, prega, na prática, o
fim do Poder Legislativo. Cada questão importante da sociedade seria
decidida por indivíduos eleitos exclusivamente para aquele fim. O
linchamento, por exemplo, não deixa de ser uma forma de “democracia
líquida”…
Eis aí: eu tinha a convicção — e agora tenho a certeza — de que, na raiz dessa história, estavam as tetas do estado.
“Ah, o Alquimídia só registrou o nome; não tem nada a ver com isso.” Claro que não…
Por Reinaldo Azevedo
FONTE: http://veja.abril.com.br/