Eles já estão criando cérebros, mas sera que são apenas para estudos de doenças mesmo? Ou serão usados em outros tipos de testes?
Confira:
Londres - Uma equipe de cientistas europeus desenvolveu pequenos
cérebros humanos tridimensionais, de quatro milímetros de diâmetro, a
partir de células-tronco pluripotentes que ajudarão a aprofundar o
estudo de doenças neurológicas, divulgou nesta quarta-feira a revista
científica "Nature".
Estes órgãos artificiais, frutos de uma pesquisa conjunta da
Universidade de Bonn (Alemanha) e do Instituto de Biotecnologia
Molecular de Viena (Áustria), apresentam importantes avanços sobre suas
patologias e sobre o desenvolvimento do cérebro nos períodos mais
avançados.
A complexidade do cérebro humano sempre foi uma barreira para o avanço
na pesquisa das doenças neurológicas, por isso era "necessário um
sistema celular que simulasse as complexas características do órgão para
estudá-lo em profundidade", afirmou o alemão Jürgen Knoblich, chefe do
projeto. "Esta abordagem pode superar algumas das limitações que
encontramos quando realizamos experimentos com o cérebro de animais,
pois eles não compartilham as mesmas peculiaridades do cérebro humano."
Estes microcérebros, que incluem a crosta cerebral que cobre os dois
hemisférios, são formados por diferentes tecidos dispostos em camadas, e
a organização guarda muitas semelhanças com a de um cérebro nos
períodos mais avançados de desenvolvimento.
Para demonstrar a utilidade deste sistema celular, os cientistas
analisaram diferentes doenças neurológicas que acontecem quando o
cérebro se encontra em pleno desenvolvimento, como a microcefalia. Este
transtorno neurológico, que não tem tratamento, faz com que o tamanho da
cabeça das pessoas afetadas seja consideravelmente menor em relação a
idade e sexo.
A partir de células-tronco pluripotentes, a equipe acrescentou ao
sistema inicial uma série de células de pacientes com microcefalia para
obter um cérebro característico de uma pessoa com a doença. Os
cientistas perceberam que nos cérebros com esta doença as células
precursoras dos neurônios deixavam de proliferar cedo demais, um defeito
que poderia explicar algumas das causas da microcefalia.
"Este fenômeno não acontece da mesma forma quando experimentamos com
ratos, já que nenhum animal apresenta a expansão neuronal que o ser
humano tem", afirmou Knoblich.
Estes pequenos órgãos artificiais não apresentam as funções mentais de
um cérebro humano normal, apesar do grupo de cientistas não descarta
progredir nesse sentido, e também se aprofundar em outros tipos de
doenças neurológicas.
FONTE: Info.abril